SÃO PAULO - Com os impactos da crise cada vez menores sobre a economia nacional, a expansão de crédito em 2010 é dada como certa pela maioria dos economistas. Porém, o vice-presidente da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Roberto Macedo, diz que é preciso tomar muito cuidado com o crescimento, principalmente do crédito imobiliário.

"Todos sabemos que a crise começou pela má concessão de crédito imobiliário nos EUA. Lá, as pessoas tentavam empurrar crédito para quem não podia pagar. Fiquei sabendo de casos em que os credores que preenchiam as fichas de concessão com hobbies dos solicitantes, afirmando que essas atividades lhe traziam renda. Por exemplo, uma pessoa que toca piano, era apontada como professora de piano nas horas livres, o que poderia lhe render até R$ 10 mil no ano", explica.
De acordo com Macedo, o Brasil só não passou por este problema porque aqui o crédito imobiliário é relativamente pequeno. "O Brasil chegou tarde na festa do crédito imobiliário e ficou com uma fatia muito pequena do bolo, o que é até bom. Se tivéssemos concedido a mesma quantidade que os EUA, não teríamos passado tão bem pela crise", afirma.

Cuidados
Porém, com a provável expansão do crédito nos próximos anos, é preciso que haja muito cuidado para que o Brasil não passe agora pelo boom de crédito imobiliário que os EUA passaram no ano passado.

"Ainda há pouco crédito imobiliário no País e há uma demanda crescente. Principalmente pessoas de baixa-renda que querem comprar a tão sonhada casa própria. No ano passado vimos que a inadimplência dessa classe social foi bastante alta, por isso precisamos ter muito cuidado com a concessão. A empolgação pode gerar graves problemas", alerta Macedo.

Boas opções
Sobre as demais opções de crédito, o economista cita o consignado como boa oportunidade para quem precisa de dinheiro.

"As taxas são realmente convidativas e há boas condições para o solicitante. Além disso, a oferta já voltou ao seu patamar normal. Durante um tempo aqueles profissionais que oferecem crédito consignado na rua, normalmente em grandes centros populares de rua, tinham sumido. Agora eles estão de volta com força total".

Sobre o cadastro positivo, o vice-presidente falou pouco, mas defendeu a implantação. "Acho que essa é uma grande chance de atrair a classe média, porque o cadastro positivo poderá fazer com que os bons pagadores paguem taxas menores pelo crédito contratado", finaliza.


InfoMoney
Tabata Pitol Peres
http://web.infomoney.com.br//templates/news/view.asp?codigo=1704252&path=/suasfinancas/imoveis/