Ao que tudo indica, o comprador de Curitiba deixou para trás o trauma provocado pela quebra da construtora Encol e o receio de comprar imóvel na planta. Metade dos imóveis lançados na cidade em 2009 foi vendida ainda nesta fase da construção, segundo o presidente da Associação dos Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário do Paraná (Ademi-PR), Gustavo Selig. Em 2003 esse indicador não ultrapassava 20%.

Curitiba foi uma das cidades que mais demorou para superar o medo do calote na entrega dos imóveis, o que ajudou a limitar a valorização do mercado até a metade dos anos 2000. Hoje, segundo Selig, o setor está tão aquecido que muitos empreendimentos são totalmente vendidos antes de a primeira estaca ser levantada.

A criação de dispositivos legais que garantem o ressarcimento do valor do bem adquirido, caso a obra não seja entregue como o acordado pela construtora, contribuiu para para gerar mais confiança do comprador. Em média, segundo as construtoras, o imóvel se valoriza entre 20% e 25% até a entrega.

Lançamentos

A oferta de lançamentos em 2010 deve ser a maior dos últimos cinco anos, segundo previsão da Ademi, com um total de 8,5 mil imóveis residenciais em Curitiba. Contabilizando os números dos imóveis comerciais e industriais, esse montante vai a 14 mil unidades. A demanda anual, segundo Selig, está em 9,6 mil unidades para habitação.

Para quem quer comprar, não deve faltar crédito no mercado. Estima-se que o volume de recursos para financiamentos, entre os bancos privados e públicos, possa chegar próximo de R$ 3 bilhões em 2010 só em Curitiba. Somente a Caixa Econômica Federal – responsável por 70% dos financiamentos de habitação no país – deve financiar R$ 2 bilhões para a compra da casa própria na capital paranaense e região. A projeção é que esses recursos financiem 30 mil unidades habitacionais ao longo deste ano.

Concorrência

Embora a Caixa domine o mercado, os bancos privados ensaiam uma atuação mais agressiva em 2010. Estima-se que essas instituições colocarão um volume de crédito até 50% maior do que no passado – cerca de R$ 1 bilhão – para o mercado imobiliário. E praticamente todos os grandes bancos reduziram suas taxas nesse segmento.

A previsão é que a cadeia da construção civil – composta por mercado imobiliário, obras públicas e privadas comerciais e industriais – tenha crescimento real (descontado a inflação) de 8,8% em todo o Brasil em 2010, segundo a Fundação Getúlio Vargas (FGV).

O Produto Interno Bruto (PIB) da construção deve chegar a R$ 160,7 bilhões no próximo ano, ante os R$ 147,7 bilhões estimados para 2009. A expectativa é que os investimentos imobiliários cheguem a R$ 202 bilhões em 2010, ante R$ 170 bilhões no ano passado.

Fonte: Gazeta do Povo

Cristina Rios

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