Novos conceitos e tipologias de plantas seguem mudanças de comportamento das famílias: empreendimentos oferecem mais áreas privativas de lazer, banheiros individuais e ambientes integrados

Um só banheiro para toda a família – e também para as visitas usarem. Salão de festas fechado e um tímido jardim na frente do prédio como áreas comuns para os moradores. Cozinha bem separada da sala de jantar, fazendo parte dos espaços de serviço e não integrada aos ambientes sociais. Quarto e banheiro de empregada como itens obrigatórios. Prédios sem garagem ou com uma vaga por apartamento.

Assim eram os apartamentos construídos nas décadas de 40 e 50, quando os edifícios residenciais destinados a famílias de classe média, ou de maior poder aquisitivo, começaram a surgir em Curitiba. Foi somente a partir dos anos 1960 e 70 que as construtoras passaram a fazer apartamentos com uma suíte e lavabo. “Era preciso atrair as famílias a deixar suas residências com arquitetura tradicional para viver em unidades verticais modernas”, observa Valdecir Scharnoski, gerente de produto da Thá Incorporadora.


A dissertação do arquiteto Fabiano Borba Vianna sobre a evolução dos projetos de plantas de edifícios de Curitiba entre 1943 e 2004 mostra que um grupo de arquitetos e escritórios de arquitetura, em especial, foi responsável pelos projetos de prédios emblemáticos desse período. Elgson Ribeiro Gomes, Lubomir Ficinski, escritório Forte Gandolfi, Abrão Assad, Henrique Panek, Jaime Lerner e Domingos Bongestabs são alguns dos nomes que assinam projetos como os edifícios Marumby, América, Alvorada, Gemini, Itapoã e Humaitá, entre outros.

Esses edifícios continuam vivos e ocupados – há, inclusive, quem escolha apartamentos antigos para morar pela amplitude dos espaços e localização dos prédios, entre outros itens. Mas hoje parece impensável habitar moradia com um único banheiro.

Desejos

Confortos como áreas de lazer variadas e paisagismo no empreendimento, ambientes sociais integrados, cozinha gourmet, varanda com churrasqueira e pelo menos uma suíte – quando não três ou quatro – hoje são obrigatórios no projeto de unidades residenciais verticais. Mas a evolução da tipologia dos apartamentos continua, mirando desejos dos compradores.

Novos conceitos do mercado imobiliário aparecem no segmento de luxo. Em apartamentos com metragem generosa, materiais e acabamentos de alto padrão e itens de tecnologia, destinados a compradores que pagam mais de R$ 8 mil pelo metro quadrado privativo, empreendedores e arquitetos podem inovar, tanto no conceito do empreendimento quanto na distribuição dos espaços. Dois lançamentos atuais – o Mandala, da Thá e AG7 Realty, e o Eos, da Laguna – trazem propostas que revelam tendências para as moradias verticais. Apartamento garden, residência suspensa, penthouse, pé-direito duplo e espaço reversível são alguns dos termos utilizados para designar as novidades.

Um banheiro por morador é novidade

Em apartamentos de luxo, é comum que o banheiro da suíte master tenha bancadas e pias separadas para o homem e a mulher, e até mesmo dois chuveiros. Nessas unidades, todos os quartos são suítes – em geral três ou quatro. A novidade lançada pela incorporadora e construtora Laguna é oferecer uma tipologia com dois sanitários na master. Na planta Ares do Eos Barigui, o casal pode optar por um banheiro exclusivo para a mulher e outro para o homem, dentro do ambiente da suíte. O espaço dela tem banheira com design assinado – modelo Napoli, da Doka – e 7,8 m². O banheiro masculino tem 3 m².

Exagero? O apartamento já tem um comprador e outros interessados. “Somos especializados em produto de luxo. Temos que entregar para o nosso público aquilo que outros não oferecem”, diz Bianca Cassilha, gerente comercial e de marketing da Laguna. De acordo com ela, a premissa de “um banheiro por dormitório” está ficando ultrapassada. “A ideia é um banheiro por morador.”

Outro conceito fundamental para os novos empreendimentos de luxo e alto padrão é oferecer personalização da planta. O dormitório de empregada, por exemplo, é espaço reversível – pode virar adega ou depósito. Suítes podem ser estendidas e áreas sociais mudam de configuração.

Por essa razão, edifícios de conceito contemporâneo como o Eos e o Mandala têm várias tipologias no mesmo prédio. Há unidades tipo Duplex, Garden, Penthouses, Lofts e coberturas, com diferentes metragens e distribuição de espaços internos.

Pé-direito duplo e amplas áreas externas – privativas, entregues com itens de paisagismo e integradas a outros ambientes sociais do apartamento – também estão nas plantas desses residenciais, além da valorização da iluminação natural e ventilação. Há unidades do Mandala com piscina privativa. Laguna, Thá e AG7 Realty dizem que esses empreendimentos foram concebidos a partir de tendências e necessidades identificadas em pesquisas. O desejo por apartamentos tipo penthouse e por dois banheiros na suíte do casal, por exemplo, surgiu nessas sondagens.

Não à toa, o conceito que norteia esses projetos é o de “residência suspensa”. “O pé-direito duplo traz o espaço de uma casa com a facilidade de um apartamento, além da localização privilegiada. É isso que as famílias buscam atualmente”, informa o marketing da AG7 Realty.

Fonte: Gazeta do Povo
http://www.gazetadopovo.com.br/imobiliario/conteudo.phtml?id=1447128&tit=Seguindo-os-habitos-do-consumidor